sexta-feira, 20 de março de 2009

Os três Brasis e o Lula

Essa coisa de analisar o Brasil como um país dualista é tão velha quanto o próprio Brasil, contudo, essa forma de interpretar a realidade brasileira, hoje, perdeu a validade, pois existem três sociedades no mesmo país, que as vezes se encontram, as vezes se amam, as vezes se matam, mas que na maior parte das vezes se olham com estranheza. E a divisão não é só entre os que vivem a beira do mar e aqueles que vivem na beira do rio (Em algumas cidades do Norte, são os ricos que moram na beira dos rios), do morro e do asfalto, do centro e da periferia, dos condomínios fechados e das favelas, pois ainda existem os loteamentos, os conjuntos residenciais e os subúrbios.
Há os filhos da puta, que sabem sonegar imposto com a mesma perícia com que a PM mata crianças de rua, e que por isso não são presos, mesmo porque tem dinheiro suficiente para pagar advogados topa-tudo-por-dinheiro e comprar juízes que precisam construir sua casinha na praia ou viajar para Nova York ou Paris; há também os que pagam imposto de renda na fonte e que às vezes querem dar uma de esperto e podem acabar mal e finalmente há os fudidos, cujo sonho é ter renda suficiente para pagar imposto de renda.
Há os que vivem do Bolsa-família e os que vivem dos empréstimos da caixa econômica e também os que vivem dos dez por cento do custo das obras das três instâncias governativas e que não raro esperam o perdão de suas dívidas milionárias no Banco do Brasil. Eu me pergunto se os ruralistas já pagaram alguma dívida neste país.
Os exemplos poderiam ser infindos, pois há os ricos que podem pagar para estudar, mas estudam nas universidades públicas e gratuitas e há os remediados que às vezes chegam as federais e às vezes quase morrem de fome para pagar a PUC e finalmente há os filhinhos de papai e os pobres pobres, porém não miseráveis, que pagam essas faculdades de mentirinha que proliferaram no Brasil com mais força que buraco em BR e mosquito da dengue no verão.
São três países: o que vai ao cinema, anda de carro e tem computador de última geração; o que compra um piratão, anda de ônibus, trem, vã ou um chevetão de fazer vergonha e freqüenta as lan-houses e os que esperam a Tela Quente, andam a pé mesmo, porque a passagem é muito cara, e nem sabem direito o quê é um computador.
Os primeiros pagam hospital particular ou plano de saúde e andam com seguranças pra cima e pra baixo; os segundos freqüentam as clínicas de bairro, pagam o plano de saúde mais barato (e não raro na hora do vamô ver, são atendidos no SUS) e pagam um ex-PM para fingir que vigia a rua; e os terceiros lotam as filas do SUS, quando não morrem nas greves dos médicos (ô povinho ordinário esse de branco) e nas portas dos hospitais e são achacados ou mortos pela PM, pois segundo a Briosa, ou são marginais ou são parentes dos marginais e portanto culpados.
Enfim, existem três categorias de brasileiros: os doutores e as madames, que bebem Wisqui, cheiram cocaína e votam no Lula; o cidadão e a senhora, que bebem cerveja, um vinho chileno no natal e uma maconhazinha e também votam no Lula e os negros safados, que bebem cachaça e se acabam no Crack, com menos de vinte, mas que igualmente votam no Lula, que consegue ao mesmo tempo ser amigo dos banqueiros, dos professores universitários e dos fodidos de todo gênero, pois mora em um Palácio, anda cheio de seguranças, mas vai voltar a morar no ABC, criou muitas vagas no serviço público federal, assiste DVD pirata e toma sua cachacinha, que ninguém é de ferro.

PS.: Se você for chamado de cidadão no Brasil você ta é fudido, pois, quem já não ouviu a frase: pois é cidadão mas eu não posso fazer nada, o senhor vai ter que pagar a multa até o dia 30 ok.

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