É melhor ser alegre que ser triste, alegria é a melhor coisa que existe, já disse um grande poeta da música popular brasileira, mas, como ele também disse, para fazer um samba é preciso um bocado de tristeza, e é verdade, se não fosse a tristeza a música seria uma pálida lembrança do que é hoje, pois já que não é possível ser alegre sempre, artista de verdade é quem faz da tristeza arte e beleza.
Isso serve para qualquer tipo de música, das grandes sinfonias ao brega mais rasgado, talvez só não sirva para o reggae, mas para o samba é fundamental. No Brasil nós temos alguns mestres que transformaram a infinita tristeza das suas dores em consolo para a humanidade. O primeiro deles é o hoje festejado em alguns círculos, Nelson Cavaquinho. Para incluí-lo na lista basta os primeiros versos de uma de suas canções:
Tire seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor...
Ou ainda o início de Luz Negra:
Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
E não consigo achar ninguém
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.
O segundo e isso não quer dizer que seja menos importante, pois nesta lista todos, como diziam os velhos apresentadores de programas de televisão, são estrelas de primeira grandeza, é o sempre popular enquanto existir gente no mundo, o maior de todos os gaúchos, Lupicínio Rodrigues, que compôs Felicidade, canção que sozinha faria dele um compositor inesquecível, para quem não lembra, aí vai um trecho:
Felicidade foi-se embora
e a saudade no meu peito
inda mora e é por isso que eu gosto
lá de fora por que sei que a falsidade
não vigora
A minha casa fica lá detrás do mundo
Onde eu vou em um segundo
Quando começo a cantar
E o pensamento parece uma coisa a toa
Mas como é que a gente voa
Quando começa a pensar
E adivinhem agora de quem é a musica?
Ainda é cedo amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
..................................................................
Ouça-me bem, amor, preste atenção
O mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
Em cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés
Pois é, o velho Cartola, tantas vezes desprezado em vida, é outro dos alquimistas da tristeza, assim como o pouco comentado Zé Ketti, que profeticamente compôs:
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por ai
Levando um violão debaixo do braço
Em qualquer esquina, eu paro
Em qualquer botequim, eu entro
Se houver motivo é mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
E para completar a seleção, Dolores Duran, e para apontar o óbvio ululante da sua presença aqui bastam os versos de músicas como:
A gente briga
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia
A gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
E do seu maior sucesso:
Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero paz de criança dormindo
E o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero, a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Escrevo esse pequeno texto enquanto a tristeza involuntária que eu sinto escoa com a voz arrastada de cachaça de Nelson Cavaquinho, voz registrada no único disco que ele gravou em vida, antes de se chamar saudade, e me sinto em paz, por que há uma forma de bem estar que apenas a música proporciona e digo isso mesmo tendo centenas de livros e apenas dezenas de discos, que, no entanto, já salvaram minha tarde e minha vida por muito mais vezes que eu possa lembrar, portanto se quer um conselho, levante e escute um bom disco e quando ele acabar quem sabe você não volte a acreditar até mesmo que existe Deus.
Isso serve para qualquer tipo de música, das grandes sinfonias ao brega mais rasgado, talvez só não sirva para o reggae, mas para o samba é fundamental. No Brasil nós temos alguns mestres que transformaram a infinita tristeza das suas dores em consolo para a humanidade. O primeiro deles é o hoje festejado em alguns círculos, Nelson Cavaquinho. Para incluí-lo na lista basta os primeiros versos de uma de suas canções:
Tire seu sorriso do caminho
Que eu quero passar com a minha dor
Hoje pra você eu sou espinho
Espinho não machuca a flor...
Ou ainda o início de Luz Negra:
Sempre só
Eu vivo procurando alguém
Que sofra como eu também
E não consigo achar ninguém
Sempre só
E a vida vai seguindo assim
Não tenho quem tem dó de mim
Estou chegando ao fim.
O segundo e isso não quer dizer que seja menos importante, pois nesta lista todos, como diziam os velhos apresentadores de programas de televisão, são estrelas de primeira grandeza, é o sempre popular enquanto existir gente no mundo, o maior de todos os gaúchos, Lupicínio Rodrigues, que compôs Felicidade, canção que sozinha faria dele um compositor inesquecível, para quem não lembra, aí vai um trecho:
Felicidade foi-se embora
e a saudade no meu peito
inda mora e é por isso que eu gosto
lá de fora por que sei que a falsidade
não vigora
A minha casa fica lá detrás do mundo
Onde eu vou em um segundo
Quando começo a cantar
E o pensamento parece uma coisa a toa
Mas como é que a gente voa
Quando começa a pensar
E adivinhem agora de quem é a musica?
Ainda é cedo amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
..................................................................
Ouça-me bem, amor, preste atenção
O mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção, querida
Em cada amor, tu herdarás só o cinismo
Quando notares, estás a beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés
Pois é, o velho Cartola, tantas vezes desprezado em vida, é outro dos alquimistas da tristeza, assim como o pouco comentado Zé Ketti, que profeticamente compôs:
Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por ai
Levando um violão debaixo do braço
Em qualquer esquina, eu paro
Em qualquer botequim, eu entro
Se houver motivo é mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim
E para completar a seleção, Dolores Duran, e para apontar o óbvio ululante da sua presença aqui bastam os versos de músicas como:
A gente briga
Diz tanta coisa que não quer dizer
Briga pensando que não vai sofrer
Que não faz mal se tudo terminar
Um belo dia
A gente entende que ficou sozinho
Vem a vontade de chorar baixinho
Vem o desejo triste de voltar
E do seu maior sucesso:
Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver
E a primeira estrela que vier
Para enfeitar a noite do meu bem
Hoje eu quero paz de criança dormindo
E o abandono de flores se abrindo
Para enfeitar a noite do meu bem
Quero, a alegria de um barco voltando
Quero a ternura de mãos se encontrando
Para enfeitar a noite do meu bem
Escrevo esse pequeno texto enquanto a tristeza involuntária que eu sinto escoa com a voz arrastada de cachaça de Nelson Cavaquinho, voz registrada no único disco que ele gravou em vida, antes de se chamar saudade, e me sinto em paz, por que há uma forma de bem estar que apenas a música proporciona e digo isso mesmo tendo centenas de livros e apenas dezenas de discos, que, no entanto, já salvaram minha tarde e minha vida por muito mais vezes que eu possa lembrar, portanto se quer um conselho, levante e escute um bom disco e quando ele acabar quem sabe você não volte a acreditar até mesmo que existe Deus.
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