sábado, 20 de março de 2010

Marx, Maquiavel e Zé Limeira III

Uma vez na vila da Moxa, quer dizer, em Parnaíba, terra do Mão Santa e de uma pá de corno, a maior parte vindo de Teresina, aconteceu uma coisa engraçada, por essa época eu era trapezista de circo e lá tinha um palhaço boiolo, como se diz hoje em dia, que nunca tinha visto um priquito e aí pediu a contorcionista pra ver e insistiu tanto que ela acabou deixando. Virou pra ele depois de ir mijar e disse que tava sem carcinha, ela tava de saia e falou eu vou abrir a perna e aí você olha e ele olhou mesmo e depois gritou: “Meu Deus é uma ferida aberta”! Com um cacetão duro ele não se assombrava tanto, mas a vida é isso mesmo, como se diz em filme americano o que seria do amarelo se todos gostassem do vermelho não é mermo, depois eu sempre gostei de viado, não pra comer, mas por causo de que quanto mais viado no mundo, mais mulher solteira desde que não vire sapatão e pra mim cinema, quer dizer filme, é filme americano e principalmente faroeste, eu até hoje gosto demais de faroeste, não sei por que dexaro de fazer, agora os filme é tudo de uns bicho estranho, uns homem mutante é uma pouca vergonha, eu prefiro os filme do Juliano Gema. Cinema italiano também era bom, pena que acabou e filme francês é muito ruim, tem gente que gosta, um meu menino estuda esse troço, mas uma vez eu inventei de ver com ele um desses filme, acredita que eu dormi quatro horas, acordei, cocei a bunda e o curta metrage ainda não tinha acabado e de filme brasileiro só o Mazaropi, os Trapalhões sem as paquitas, pornôchanchada e o Auto da Compadecida, o resto e merda é a mesma coisa.
Lembro que uma vez, no tempo em que o diabo era menino, eu tava nos Andes, um país enorme, em uma cidade que eu nunca consegui pronunciar o nome e aí se deu o furdunço. Eu tava assistindo um filme ao ar livre, na parede de uma igreja e já tava de olho em uma indiazinha linda, de trança e tudo, quando a terra teve um mal-estar e tremeu. Eu pensei que o mundo ia acabar, mas confesso que na hora eu me arrependi de ter deixado o Brasil, onde esses troços nunca acontecem, disse pra mim mesmo, assim para os meu botões: “É seu Biu Puta Preta, agora você se arrombou”, mas a coisa passou logo e mesmo assim demorou muito, foi aí que eu descri do tempo e percebi que uma coisa nunca é uma coisa somente. A cidadezinha ficou em petição de miséria, uma tristeza só, eu ajudei enquanto pude e só depois eu deixei aquelas montanhas que não tinha alicerce firme nem sapata e fui parar em Assunção, capital do Paraguai. Terra boa e de mulher fogosa. Lá mesmo eu vivi vida de Rei, fui sustentado por duas putas que quando faltava macho se agüentavam se esfregando uma na outra. Coisa bonita é duas mulheres se esfregando, mas vamô parar de safadeza que eu não demorei muito no Chaco, não que não agüentasse aquelas lobas, mas por que tinha gana de conhecer outras terras e outras mulheres, conhecer biblicamente sabe como é. Abraão conheceu Sara e nasceu Isaac. Essa juventude de hoje não lê mais as escrituras sagradas, não se entretêm no livro santo, não sabem o que estão perdendo. Quem nunca leu a bíblia não entende metade de toda a literatura produzida nas terras do poente. Eu mesmo leio a bíblia desde os catorze anos e com isso já desmoralizei muito charlatão, muito pastor safado que come e luxa da esperança dos pobres. E hoje em dia é que eles tão danado, se multiplicam mais do que mosquito da dengue, Ave Maria.

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