Desde o distante ano da graça do senhor de mil novecentos e noventa e quatro eu não via tanto alvoroço em torno de uma copa do mundo. Os carros ostentam bandeiras do Brasil, os bares e muitas ruas estão enfeitadas de verde amarelo, assim como as blusas das moças e os telejornais não falam de outra coisa.
Todo mundo é feliz. O casalzinho de namorados que foge para a cozinha enquanto o escrete canarinho entre em campo; os bêbados que tem um motivo a mais para beber; os jogadores que podem perder dinheiro a vontade com os bolões; as adúlteras e os adúlteros que nunca gostam de futebol, mas que não deixam de bater uma bolinha as escondidas ( todo menino que foi concebido em época de copa e foi batizado com o nome de um titular da seleção é filho do urso e foi batizado por um corno); os estudantes e os professores que não precisam ir a escola e até o imbecil que em dia de jogo do Brasil desfila pelo bairro com a camisa da Argentina e garante que Maradona foi melhor que Pelé.
Todos são felizes e felizes acordam cedo para assistirem jogos empolgantes como: Coréia do Sul x Grécia, Argélia x Eslovênia e Nova Zelândia e Eslováquia e ainda mais felizes escutam as obviedade dos comentaristas esportivos e as enormidades dos repórteres de campo.
Pena que tudo dure apenas um mês e para a maior parte das seleções não dure nem isso e aí a felicidade se transforma em caça as bruxas. Em 90 o Judas foi o técnico Sebastião Lazaroni e o Dunga; em 98 foi Ronaldinho, o amarelão; em 2006 foi o Roberto, meias Kendall, Carlos e nesse ano de impetuoso progresso de 2010 será o Dunga ou não será ninguém e o clima de otimismo da copa se estenderá até que a campanha eleitoral ganhe a atenção de todos? Mas isso ainda demora, por enquanto vivemos o feitiço da Jabulani, ou seja como se chame a bola da copa e para aqueles, eternos espíritos de porco, que acham tudo, inclusive o campeonato mundial de futebol que só acontece de quatro em quatro anos, uma perda de tempo, vai um recado do grande Biu Puta Preta: “Ora, não se passa a vida inteira salvando o mundo, a vida também é feita de futilidades.”
E eu acrescentaria: “Uma das coisas mais agradáveis da vida é sentar em torno da mesa de um bar e falar da vida alheia e, como diria o bom Pantagruel, quem disser o contrário é sicofanta”.
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