segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Comparações

O mesmo olhar de incompreensão de Sadan Hussein ao ser examinado por um médico militar norte-americano encontrava-se no rosto assustado de Muamar Kadafi, ao ser capturado pelos rebeldes em Sirte. O olhar parecia dizer:
- Eu sou o dono do mundo. O quê aconteceu?
Um dia o mundo acaba e acabou de maneira hedionda para o ditador Líbio. Pelo menos ele teve mais dignidade que o velho Sadan, retirado de um buraco em que se escondia como bom rato que sempre fora.
São poucos os que choram por ele, da mesma maneira que são poucos os que acreditam na inocência do ex-ministro dos esportes, Agnelo Queiróz e do atual ministro, o sorridente e gentil Orlando Silva, que quanto mais se explica, mais tem para explicar.
É, não se fazem mais comunistas como antigamente.
Não é a toa que o tristemente célebre José Dirceu quis iniciar a revolução comunista brasileira por meio da divisão do dinheiro da corrupção e a “Barbie” da esquerda, o grande estadista “Lula”, declarou que seu partido, como todos os partidos, fizeram caixa dois na campanha em que ele foi eleito e ficou por isso mesmo.
Lula pelo menos foi um corrupto sincero e, talvez por isso, o nosso povo, que de honesto não tem muita coisa, o elegeu em votação consagradora para o segundo mandato.
Estavam errados?
Creio que não, afinal de contas com o bolsa-família no bolso e as promessas de educação superior para todos e do programa minha casa minha vida, não havia por que votar nos adversários, ainda mais quando aqueles que clamavam contra a corrupção são os mesmos que sonegam imposto de renda enquanto os filhos saem por aí embriagados matando gente a torto e a direito enquanto papai não arranja pra eles alguma forma escusa de ganhar a vida.
O povo é sábio o que não significa que seja honesto, pois são instruídos desde a escola a não cumprir com suas responsabilidades, a dar o seu jeito, pois, hoje, no ensino público e no ensino privado também, qualquer um passa, mesmo sem fazer uma tarefa em todo ano, o que não deixa de ser uma forma de corrupção, digo de falsidade, de faz de conta.
Vivemos assim, desde sempre, no país do faz de conta, que premia com descontos ou com carros O km quem paga imposto (não é obrigação pagar imposto?) e deixa impune os sonegadores; em que leis podem pegar ou não pegar e em que políticos truculentos ou sorridentes tem cadeira cativa no congresso; em que os concursos para cortesãs, quer dizer, para juízes, são “ajeitados” para filhos e sobrinhos e genros de juízes, que ingressaram igualmente dessa forma ilibada no serviço público.
E assim, voltando a Kadafi e seu olhar assustado eu penso em quanta volúpia eu sentiria a perceber aquele mesmo olhar no rosto de deputados e senadores cínicos, de presidentes e governadores lenientes com toda sorte de desmandos, quando não são eles mesmos os mentores de tais desmandos e de juízes prepotentes, como seria bom vê-los impotentes.
E se depois de algum tempo alguém lhe desse o tiro de misericórdia e um governo de verdade lhe expusesse os cadáveres em uma câmara fria, eu, que não sou muito de espetáculos, iria sem dúvida nenhuma contemplá-los, feliz como quem vai ao parque.

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