Houve um tempo em que a força motriz da humanidade foram os músculos dos homens e dos animais. Era essa força que movia a máquina do mundo.
Houve um tempo em que carvão e vapor de água substituíram os músculos.
E houve um tempo, que ainda não passou, que ainda é o nosso tempo, em que o petróleo tomou o lugar do carvão e passou a girar a “máquina do mundo”.
Mas o que é petróleo?
A Wikipédia diria que é uma combinação complexa de hidrocarbonetos, mas como essa é uma explicação que não explica nada, resta dizer o óbvio, que Petróleo, cuja palavra vem do latim, significa “óleo de pedra”. Mas como pedras não costumam transformar-se em óleo, resta saber de onde é oriundo tal óleo.
E eu respondo, por que se trata aqui de um pergunta retórica. Caso vários cientistas não estejam errados, o “óleo de pedra” é oriundo da decomposição de restos de animais e vegetais, que sob certas condições de temperatura e pressão resultam não em pó, como aponta a bíblia, mas em óleo.
Em alguns lugares esse óleo aflora, de modo que desde a antigüidade, na região que nós conhecemos hoje, como Oriente Médio, ele foi usado como impermeabilizante de construções e embarcações; como comburente, ou seja, para pôr fogo em lanças incendiárias, como iluminante e como remédio, pois entre os sumérios chegou a ser indicado para curar doenças de pele.
Há quem diga que também foi usado como laxante e foi mesmo.
Os egípcios os utilizavam no processo de mumificação.
É verdade que até o século XIX o óleo de pedra era mais conhecido como: pez, betume e pixe e foi explorado em boa parte da Ásia central, até a China, mas a exploração industrial dessa “nova velha maravilha” teve início nos Estados Unidos, embora o primeiro poço comercial tenha sido aberto em Baku, no atual Azerbaijão e o primeiro poço das Américas no Canadá, porém como os mais ricos pagam melhor aos historiadores, costuma-se creditar a Edwin Laurentine Drake, mais conhecido como “Coronel Drake”, responsável pela perfuração do primeiro poço de petróleo dos EUA, na pequena cidade de Titusville, no Estado da Pensilvânia, em 1859, o título de criador da “moderna” indústria do petróleo.
Mas o “Coronel Drake”, não fez nada sozinho, pois aquela tarefa não era assim tão simples nem tão barata, razão pela qual ele foi financiado por investidores que respaldados por químicos acreditavam, ou melhor, tinham certeza, que caso fosse possível extrair petróleo em grande quantidade, ele poderia ser utilizado para iluminar casas de fazendas e cidades e ainda para lubrificar as peças de metal que compunham as máquinas industriais.
Houve gente que riu.
Mas o “Coronel” obteve êxito na sua empreitada e embora tenha morrido pobre deu início, ainda no século XIX, a exploração da maior riqueza do século XX.
A partir daí, refinado como “querosene”, o petróleo iluminou boa parte do mundo que não podia pagar pela energia elétrica, que passou a aclarar as grandes cidades do mundo desenvolvido em fins do século XIX e inícios do século XX.
Mas como isso aqui não é um tratado de história resta dizer que ainda no século XIX e isso durou até os anos 60 do século XX, o mercado petrolífero mundial foi dominado por sete empresas, que ficaram conhecidas como “As sete irmãs” do petróleo. Eram elas a: Royal Dutch Shell, Anglo-Persian Oil Company (BP), Standard Oil of New Jersey (ESSO), Standard Oil off New York (Mobil), Texaco, Standard Oil of California (Chevron) e Gulf Oil.
Esse oligopólio durou até a criação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), cujos Estados membros passaram a cobrar muito mais por cada barril do precioso óleo de pedra e como tais países eram os maiores produtores, não havia saída para os demais, que por muito tempo não poderiam passar sem petróleo, senão comprar o tão disputado ouro negro.
Pois, como substituir de uma só vez a matéria prima utilizada para fazer óleo diesel, gasolina, querosene, gás de cozinha, parafina, lubrificantes (entre eles a vaselina), asfalto, plástico (entre eles o isopor), fertilizantes, borracha sintética, discos de vinil e até mesmo as moderníssimas camisas “volta ao mundo” fabricadas a partir de um certo plástico, que permitia não apenas uma durabilidade maior como também a vantagem de não precisar ser passada a ferro.
As tais camisas foram moda até 1973, ano do primeiro “choque do Petróleo”, quando a OPEP, composta por muitos países muçulmanos, para pressionar os norte-americanos a não apoiarem Israel em uma de suas muitas guerras contra outros países muçulmanos, diminuíram a produção de petróleo e aumentaram o preço do barril.
Assim o preço do barril do petróleo, que era de 2,90 dólares em setembro de 1973, em dezembro do mesmo ano chegou a 11,65 dólares, o que provocou uma enorme crise econômica nos países importadores do óleo de pedra, como o Brasil. Algo semelhante se repetiu em 1979 por ocasião da “Revolução Iraniana”, quando as incertezas sobre a continuidade da produção iraniana, levou a OPEP outra vez a diminuir a produção e aumentar o preço do barril de petróleo. Desta vez o preço do barril saltou de 13 dólares para 34 entre 1979 e 1981.
Foi um Deus no acuda. Todos condenaram o Aiatolá Khomeini, porém nenhum governo lembrou-se das guerras que foram travadas ou instigadas pela cobiça pelo petróleo e que marcaram todos os continentes e todo o século XX. Dentre elas a guerra do Chaco entre bolivianos e paraguaios em 1932 e, pra começar bem o século XXI, a Invasão do Iraque pelos norte-americanos em 2003.
E quando ainda no início do século XXI o preço do barril do petróleo outra vez não parava de subir, a indústria automobilística norte-americana não ia bem das pernas, três em cada dois cientistas alertavam sobre as consequências do aquecimento global, que já estava provocado uma desordem climática e tudo parecia conspirar para a substituição do óleo de pedra pelos biocombustíveis, eis que a Petrobrás, empresa especialista na exploração do óleo em águas profundas anunciou a descoberta de uma gigantesca reserva do óleo nas costas do Brasil, o campo de Tupi.
A indústria do petróleo respirou aliviada, pois a descoberta deu uma sobrevida a “era dos combustíveis fósseis” e é só.
Quanto ao título, no entanto, cabe uma explicação. Na Idade Média aqueles mistos de bruxos e cientistas, conhecidos como alquimistas, buscavam a fórmula para transformar qualquer substância em ouro, ou seja, a pedra filosofal. Não encontraram, mas o tal do “Coronel Drake” chegou perto ao provar que era possível extrair o óleo de pedra em grandes quantidades, pois o tal óleo se mostrou capaz de dar origem a uma série de outras mercadorias, que se não eram ouro, valiam e ainda valem mais que o precioso metal amarelo e foram responsáveis pelas maiores fortunas do século XX.
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