Marx, Maquiavel e Zé Limeira XI

A melhor mulher do mundo é a cearense, e por quê? Ora por que, por que elas tem a língua solta e a cabeça chata, assim você pode receber um boquete e usar a cabeça da bicha para colocar o copo de cerveja. Uma cearense vale ouro e nem precisa dar o anel. Na verdade eu sempre preferi outros orifícios, mas meus meninos andam dizendo que quanto mais eu fico velho, mas eu desando a dizer safadeza, é mentira, eu sou safado desde menino, mas isso foi no tempo que o diabo era menino e chamava Lucifer.
Todo mundo pensa que é mentira, mas Lucifer eu conheci muito. Não valia nada, não valia uma ruela, vendia até a mãe se tivesse uma, agora se você começasse uma briga e ele tivesse do seu lado, aí não tinha companheiro melhor não, mas faz muito tempo que eu não vejo ele, dizem que entrou na política, é deputado, uma coisa assim.
Se o encontrasse de novo o convidaria para comer um picado de porco, Lucifer é doido por um picado de porco.
Nessa minha vida eu conheci gente demais, gente de todo tipo, de puta até rainha. E vou dizer...
Não sei se digo?
Vou dizer sim, eu comi a rainha da Inglaterra. Comi a rainha vó, que tomava uma cachaça braba e comi a rainha mesmo, que hoje também é velha, mas não vi muita diferença, xoxota é xoxota em toda parte do mundo e só não comi o rei porque ele tinha a bunda muito magra e eu gosto mesmo é de mulher.
Comi muita gente, mas como a maior parte já morreu, não fica bem ficar falando dos mortos, depois eu não gosto de contar vantagens, um patafísico tem que saber a hora de falar e a hora de calar, mas como eu nunca me engasguei com as palavras, eu sigo falando.
Uma vez eu me engasguei, quase morri, com um pentelho, eu tava chupando a xana da filha de um sargento, escondido na casa dele. Ele dormia no quarto ao lado. Naquele tempo não era como hoje que as mulheres e até os homens raspam tudo que é pelo. Naquele tempo moça direita deixava a xana cabeluda e embora essa não fosse lá muito direita, tinha a xana bem peluda e eu me engasguei com um pentelho e comecei a tossir e o sargento acordou e pegou o revólver e foi uma presepada, de qualquer modo quase que era uma vez Biu Puta Preta, mas eu fui mais esperto e escapei. O sargento até me levou para o hospital, o difícil foi fazer ele me ouvi, mas eu aprendi a conversar com o cão Lucifer e me safei.
Depois, pode acreditar, uns anos depois eu tava lembrando disso e comendo peixe e eu não sei se é por que certos peixes tem cheiro de xoxota ou certas xoxotas tem cheiro de peixe, mas não é que eu me engasguei e assim, de novo, quase era uma vez o ainda não tão velho Biu Puta Preta.
Meu sobrenome é Puta Preta, da antiga família Puta Preta, mas meu pau nunca foi racista, ele e eu, gostamos de preta, de parda, de loura, de cabeluda, de ruiva, de japonesa, enfim, sendo mulher e não sendo nem muito nova nem muito velha, eu tô é dentro e sem aqueles comprimidos azuis que hoje até menino de dezoito ano toma, eu nunca precisei disso, e nunca broxei na minha vida.
Tudo bem, essa é mentira, mas um homem e ainda mais um homem como eu, vivido, sambado e passado, não pode dizer sempre a verdade, porque as vezes a mentira, apesar de mentirosa, é mais bonita.