Vez ou outra arrisco a sorte e compro um livro no escuro, é assim como assistir um filme que passa na tevê seduzido apenas por uma cena e nada mais.
Às vezes dá certo, às vezes não.
Porém, um filme tem em média duas horas, já um livro de duzentas páginas eu leio em seis, oito horas, sei lá, de modo que um livro ruim é tempo jogado fora, mas, de qualquer modo, não deixo de arriscar, pois foi assim que li “As minas de prata”, calhamaço de um autor que eu até então abominava, José de Alencar.
Contudo, para ser sincero, neste caso não foi bem assim, pois depois de me aborrecer com Iracema e Senhora ouvi um crítico falar bem desse livro, que ao entrar em um sebo imundo encontrei em uma edição de capa dura. Eram quinhentas ou seiscentas páginas com letras miúdas e lombada comida por um rato morto de fome e ainda custou dez reais.
Levei pra casa me sentindo um otário e um ano depois li. É uma mistura de romance histórico com novela mexicana, mesmo assim, é muito bom, valeu a pena e me fez respeitar mais o patrono das nossas letras.
No escuro mesmo li “A deliciosa aventura latina de Jane Spitfire espiã e mulher sensual”. O autor era um tal de Augusto Boal que eu não tinha idéia de quem fosse na época.
Li e não me arrependi.
Valeu a pena e eu recomendo a todos a curiosa novela policial e política do grande dramaturgo do teatro do oprimido.
A ignorância tem dessas coisas.
No entanto, creio que escrevo esse texto por que comprei e pretendo ler em breve “Os morcegos estão comendo os mamãos maduros” de Gramiro de Matos Ramirão Ão.
Espero que valha a pena.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário