Interpretar o Brasil não é fácil. Se o grande Karl Marx tivesse tentado interpretar o Brasil queria ver o que saía.
Tenho um palpite.
Merda.
Isso se o barbudo não resolvesse visitar a Terra de Santa Cruz e acabasse comendo farinha, bebendo cachaça e filiado a um partido de centro alguma coisa.
Contudo, como o Brasil permaneceu ignorado, dormindo em berço esplêndido por alguns séculos, poucos estrangeiros se deram ao trabalho de tratar da pátria do cruzeiro e assim os próprios brasileiros tiveram que assumir o trabalho sujo e não raro usaram como armas o humor.
Esse foi o caso de Chico Anysio e também o de Millôr Fernandes, que muito antes de encontrarem aquela que iguala todos os viventes, já haviam entrado para o panteão nacional.
Foram dois dos raros e eficientes explicadores do Brasil aos brasileiros e por isso ganharão um céu de mulatas e sorrisos, onde beberão vinho de jurema e conversarão safadeza, isso quando não estiverem fazendo safadeza, depois irão a missa.
Mas não sentirão culpa, pois no céu não existe culpa nem argentinos e muito menos políticos, hipócritas ou militares e quem sabe lá, podendo falar com “o homem” (talvez essa não seja a palavra apropriada), não possam fazer alguma coisa por nós.
Tudo bem, já fizeram muito por nós, nos tornando mais felizes e inteligentes, mas tenho certeza que não se importarão, caso puderem, sugerir ao todo poderoso que envie hemorroidas para todos os que se locupletarem com dinheiro público, ou que mesmo honestos, deixarem roubar, não precisa ser uma doença mais grave, uma hemorroida serve.
Pastores poderiam também perder a fala, olha que maravilha, e militares sentirem uma irresistível vontade de dar o, bem, vocês sabem.
Mas e nós, o que podemos fazer por eles?
Deixar viva a memória de ambos, não apenas dando o nome de ruas, praças e escolas a nossos grandes explicadores, mas tornando cada vez mais acessível a toda a gente, suas criações. Os personagens de Chico revividos por outros artistas, os livros do Millôr sendo adotados nas escolas ou encenados nos palcos.
Um deles sempre presente nas páginas do jornais, sejam elas de papel ou de luz e o outro sempre presente nas telas, pouco importa a qualidade da imagem ou o tamanho.
O que importa é que estejam sempre entre nós, como Cervantes para os espanhóis, como Fregoli para os italianos.
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