sábado, 1 de maio de 2010

Marx, Maquiavel e Zé Limeira IV

Mas, porém, contudo e entretanto, esses crentes safados, lobos em pele de cordeiro são um dos sinais mais evidentes do fim das eras, o outro é a união do povo de Israel, tudo malocado num lugar só como não acontecia desde os tempos de Cristo.
E esse aquecimento global, você pensa que não, mas é o fim do mundo, eu que tenho tantos anos que já perdi a conta não lembro de um calor do pé do cão desse. É, o mundo tá é uma fornalha do suor descer pelo lascão da bunda e assar as beiradas do furico. Já é abril, quase maio e ainda não choveu na Paraíba do Norte, é o fim das eras e essa ruma de terremoto, foi naquela ilha de gente preta, no Chile, daquele menino bom, o Pinote, na China, na Indochina, na Conchinchina, na Putaquepariu, até ali na terra dos papas jerimum a terra tremeu.
Eu tô dizendo, não demora muito e o mundo de hoje é tudo antes e aquele vulcão naquela ilha de gente feia, em pouco tempo nem urubu vai poder voar e se essa nuvem de poeira encobre o sol, e as plantas morre e os animais não têm o que comer, ai meu amigo a gente se lasca direitinho, por isso é que eu digo, eu e o Rei Roberto Carlos, grande artista ele, depois de véio ficou meio doido, mas doido todo artista têm que ser senão não presta. Eu mesmo que sou explicador do mundo levo a pecha de doido desde catorze anos de idade quando resolvi ler o livro santo. Naqueles ontens todo mundo dizia que quem estudava muito acabava enlouquecendo, o que tem a sua verdade, mas ganhei fama de doido mesmo quando um padre, que é bom avisar era um homem santo e casto e obviamente nunca me enrabou, me emprestou a Suma Teológica de São Tomás de Aquino. Nessa época, eu queria ser padre, pode uma coisa dessas? Bem, quando cheguei em casa com o livro foi um deus nos acuda, pois corria a lenda que depois de ler o livro de São Tomás um pernambucano de Pau d’alho tinha morrido de congestão cerebral e um carioca também, foi ler e estrebuchar ali na baía de Guanabara. Era linda demais aquela baía, hoje é uma fossa a céu aberto, é bosta meu menino, é bosta pra uma eternidade, olha, a humanidade acaba, nasce outra e morre e ainda vai ter merda naquela baía, aliás, chovendo como tá na cidade maravilhosa e sem o mar aceitar mais água capaz das pessoas morrerem atoletadas, seria um triste fim para a cidade de Machado de Assis, do Lima Barreto, do Manuca Bandeira que escreveu um poema bom sobre recife e trinta sobre o Rio, do Nelson Rodrigues, escritor do carai esse cabra, no Brasil só perde mesmo pro Machado de Assis, pro Guimarães Rosa e pra mais ninguém, mas eu ainda acho que o mundo vai acabar é no fogo da quentura e não nas águas de um novo dilúvio e olha que eu já vivi tanto que converso até com tartaruga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário