sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ronaldo

“Aí tem um bando de corno
Agora chegou uma bicha
Pra que que eu quero esse gordo
Enfia no cu Corinthians”.

Foi assim que a torcida do time do coração de Ronaldo Nazário de Lima, mais conhecido como “o fenômeno”, pelos fãs, ou “Ronaldo bola”, para os gozadores e ainda “Ronaldinho perna-podre” para os mais cruéis recebeu o atacante do Corinthians no palco que seguramente o menino pobre sonhou em brilhar, ou seja, no sexagenário e mítico estádio do Maracanã, um dos templos maiores da sociedade brasileira, mas esse carioca de quem falo nunca deu certo no Rio, e, outra vez, nada deu certo pra ele.
No jogo seguinte, que decidiria a sorte da sua equipe, o Corinthians, na copa “Libertadores da América”, fez um gol, mas o tal gol não foi suficiente e foi sobre as largas costas deles que recaiu toda a responsabilidade da derrota, não só de um time, mas de uma torcida apaixonada.
No dia seguinte lá estava ele pra se explicar, pois “de quem muito se confia, muito se exige”, porém chamado as falas por um repórter que embora sem utilizar essa palavra, o acusou de irresponsável, o jovem velho Ronaldo desabafou: “eu tenho trinta e três anos, nove cirurgias, sinto dores no corpo, fui um dos jogadores que mais treinei esse ano e ainda tenho que responder essa tua pergunta sobre comprometimento”.
Com a voz embargada nem de longe o jogador parecia o bom vivã que circulava com desenvoltura em boates de Madrid, Milão, Rio e São Paulo; nem parecia o homem providencial de alma lavada, que depois de amarelar na copa do mundo de 98 e se machucar terrivelmente por duas vezes seguidas foi um dos grandes responsáveis pela conquista do pentacampeonato mundial. Também não parecia o gordinho pretensioso que encerrou a careira na seleção brasileira levando um humilhante “banho” de Zinedine Zidane na copa da Alemanha em 2006 e muito menos o patético menino jurando que é homem e que confundiu três travestis com três prostitutas.
Na quinta-feira, depois da eliminação do Corinthians, confessando suas fraquezas e suas virtudes em público o jovem velho Ronaldo Nazário de Lima parecia comigo, com você, com qualquer um e é por isso, sim seu Ronaldo, é por isso que embora você não me conheça eu estou com você, o povo está com você e é o que importa.

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