sexta-feira, 8 de junho de 2012

Os 12 trabalhos de Wesley Djalma

IV Trabalho

Sim, eu estava andando em rastro de corno, pois assim que parei em uma praça para recuperar o fôlego, uma velha, sem um dente na boca, sentou ao meu lado e, segurando uma bengala com que bateu na minha perna, sem rodeios, me disse com voz de locutor de rádio FM:
- Olhe a praça.
Eu, já com o cu na mão, olhei a praça. Até que era agradável. Como ainda havia escolas no entorno percebi alguns casais de namorados, grupos de jovens inventando algazarra, dois PMs fazendo uma ronda e uma velha que vendia bombons, chicletes e pipocas em um daqueles fiteiros ambulantes.
Tudo em paz.
Porem minha paz acabou quando a velha disse:
- Tá vendo a dupla de Pms meu rapaz. Tá vendo o mais forte, o negão?
Eu caguei fino.
- Ta vendo?
A velha repetiu e ante o seu olhar malévolo e inquisidor eu respondi:
- To
- Então meu filho, se não quiser experimentar uma mandioca pelo avesso, vá até lá e passe a mão na bunda do negão.
Quando ela disse isso meus olhos quase deram um salto mortal dos buracos onde vivem presos. A velha então disse:
- Calma, não precisa esperar para pegar o telefone depois, mas eu vou ficar aqui olhando se você passou a mão mesmo ou não.
Eu então respirei fundo e resolvi não pensar para arriscar outra vez a vida e salvar meu cu, mas a velha quase estragou tudo quando disse:
- Passar a mão na bunda só não que é muito fácil, de logo uma dedada.
Velha safada, escrota e ainda riu da minha agonia, pois nessa altura o suor já tava descendo pelo lascão da bunda.
Mas, mesmo assim, eu resolvi continuar com a mesma estratégia, sem pensar em nada, respirei fundo e segui os PMs e quando o negão estava ao alcance das minhas mãos, ou melhor, dos meus dedos, dei-lhe uma dedada daquela de fazer pena e abri na carreira deixando no ar um rastro de bosta por que meu nervosismo me fez peidar loucamente.
Na carreira só ouvi as risadas das duas velhas, a gritaria dos estudantes e o negão que gritava:
- Volta aqui viado safado.
Olhei pra traz uma única vez.
O outro PM havia caído no chão de tanto rir e o negão, ele também rindo, já havia parado de me persegui.
Mesmo assim continuei correndo pela Rua Lima Trindade.
Sim, eu estava andando em rastro de corno.

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