Os partidários do sapo peludo acreditavam que com a cassação do sapo colorido era apenas uma questão de tempo para que o sapo peludo, um sapo-sapo, ocupasse o lugar de presidente no Palácio do Brejo Alto, porém o sapo de topete nomeou um sapo sorridente, um sapo professor de sapiologia para ministro da economia e tal sapo conseguiu montar uma equipe, que por sua vez realizou um plano, que regularizou a economia da Sapopemba. Assim, os sapos-sapos tiveram mais dinheiro para comprar moscas, mosquitos e eletrodomésticos, de modo que quando chegou a eleição, não importou que o sapo presidente fosse ateu e não gostasse de sapobol, ele foi eleito e vendeu várias empresas estatais da Sapopemba para escândalo dos partidários do sapo peludo, que viam as tele-sapo, as eletro-sapo e a sapovale do brejo doce saírem das mãos do governo, e não adiantou os sapos vermelhinhos pedirem a instauração de CPIs, pois o sapo sorridente fazia tudo na surdina, abafava qualquer escândalo, pois sobre ele, os versados na história do antigo Império oitocentista da Sapopemba, diziam que, conforme já dissera o Sapo-Viana, ele, assim como o sapo-Dom, costumava utilizar: “não a política da força, que faz mártires, e os mártires, como sabeis, ressuscitam; mas sim a política da corrupção, que faz miseráveis, e os miseráveis apodrecem antes de morrer”, e assim o sapo-sorridente ganhou fácil as novas eleições, depois de instituir a reeleição e concorrer, derrotando ainda mais facilmente o sapo peludo e assim reinou na Sapopemba por mais quatro anos.
O sapo-peludo, depois de derrotado três vezes, depois de ter percorrido a Sapopemba em caravana, estava desanimado. No próprio partido do vaga-lume solitário, havia sapos que achavam melhor que ele não concorresse, mas ele no final insistiu e saiu candidato e já não era mais aquele sapo carrancudo, não senhor, era um sapo agora bem tratado e tagarela que anunciava um novo tempo. Do outro lado o sapo candidato era o sapo mosquito, que não tinha lá tanto carisma como o sapo peludo, depois, o povo da Sapopemba ou da Sapolândia, não agüentava mais outro presidente periquito, partido do sapo sorridente, assim, o sapo peludo foi empolgando muita gente, mesmo quem nunca havia votado no partido do vaga lume solitário.
Na Sapopemba de então quase todos diziam “agora é a vez dele” e foi mesmo, ainda mais quando os sapos periquitos disseram que tinham medo do que faria um governo do sapo peludo, sempre tão radical, mas o sapo peludo estava em outra, era o sapinho paz e amor, assim auxiliado por um sapo baiano, famoso por ajudar a eleger sapos corruptos para cargos importantes e respondia aos temores infundados dizendo que era preciso a esperança vencer o medo e esse slogan dito e repetido foi a pá de cal, o xeque mate na campanha do sapo mosquito, de modo que foi comovente a vitória do sapo peludo, foi de emocionar qualquer um.
Foi a vitória que os donos da Sapolândia haviam evitado desde 64, melhor, desde sempre, assim uma multidão invadiu Sapopólis, capital da Sapopemba para saudar a vitória do sapo peludo, que recebeu a faixa das mãos do sapo sorridente, que até mesmo antes da posse havia convidado uma equipe do sapo peludo para ir-se familiarizando com os problemas do Estado, e assim foi algo para não se esquecer, o sapo peludo chorou no discurso, disse que todos podiam errar, ele não, pois sabia o quanto o povo da Sapopemba, os sapos-sapos, confiavam nele e como não havia estudado foi com os olhos marejados que o sapo peludo disse que agradecia a Deus e aos sapopenses por receber o primeiro diploma da vida dele naquela hora, o diploma de Presidente da República da Sapopemba.
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